A foto em destaque revela os antigos púlpitos da Matriz de Sant’Ana cujos detalhes artísticos representam em alto relevo os evangelistas. Os púlpitos eram sustentados por uma coluna arredondada e tinha um formato oval. Foram adquiridos para a Matriz em novembro de 1933 e utilizados pelos sacerdotes para proferir as homilias. Todavia, nem sempre se ouviam as “boas novas”. Em princípios de 1934, o padre Boanerges de Souza comprou briga com o chefe político do arraial por meio de discursos inflamados que culminaram com o rompimento de relações entre o padre e o coronel e um pedido de transferência ao arcebispo.
Em 1958, foi a vez do padre Luiz Giarola que comunicou que não realizaria as solenidades da Semana Santa em Barroso em virtude do Carnaval que estava sendo organizado pelos clubes e incentivado pela Prefeitura Municipal. Uma tradição religiosa que perdia seu fôlego diante dos folguedos carnavalescos. Contudo, os padres nunca chegaram a proferir pragas do alto dos púlpitos conforme apregoam alguns, pois mesmo tendo um poder simbólico, o púlpito era um instrumento de evangelização e exortação, e não de condenação. O sacerdote, ao descer do púlpito, justificava-se no texto bíblico: “às multidões anunciei os teus atos de justiça, pois meus lábios não se puderam conter, como tú mesmo sabes, ó Eterno”.
Sobre o desaparecimento dos púlpitos da Matriz de Sant’Ana, o barrosense também encontrou texto bíblico oportuno: Têm boca, mas não falam. Olhos têm, mas não vêem. Têm ouvidos, mas não ouvem. Questionados sobre o destino que tomaram os púlpitos, “som algum lhes saem da garganta”.
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