Compartilhe:

A Polícia Civil fechou o inquérito sobre o incêndio que matou cinco crianças, com idades entre um e cinco anos, no dia 26 de abril em Barroso, no Campo das Vertentes. A jovem de 19 anos, única maior de idade que estava na casa e mãe de duas das crianças mortas, foi indiciada por homicídio culposo.

“A conclusão foi pela indiciamento e responsabilização pela jovem de 19 anos, que era a única adulta na casa e assumiu a responsabilidade de cuidar das crianças dela e da irmã. Houve uma negligência por parte dela, que foi indiciada em crime de incêndio culposo, sem intenção de matar, qualificado com resultado morte”, disse o delegado Alexsander Soares Diniz. A jovem indiciada não foi detida. “Na época, não havia uma explicação clara das causas e consequências do incêndio, não houve prisão em flagrante. E como não foi um incêndio intencional, não justifica o pedido de prisão preventiva”, afirmou.

Além dela e das cinco crianças, estavam na casa três adolescentes, sendo uma garota e dois garotos, de idades não informadas. Eles não foram indiciados. “Não houve entendimento de imputação de ato infracional, porque a responsabilidade sobre as crianças e sobre os adolescentes era da jovem mais velha”, afirmou o delegado.

Após cinco meses de investigação, prazo prorrogado para o recebimento dos laudos de perícia, o inquérito foi fechado na última segunda-feira (29) e já foi encaminhado para a Justiça em Barroso. “Agora, cabe ao Ministério Público analisar se mantém a denúncia seguindo o indiciamento, se denuncia com outro entendimento de crime, se solicita novas diligências ou se entende pelo arquivamento do caso”, afirmou o delegado.

PASTA-1_MG_96302

O inquérito

De acordo com Alexsander Soares Diniz, o laudo da perícia trouxe os esclarecimentos necessários para entender as circunstâncias que levaram ao incêndio. “A investigação reuniu equipes de levantamento de rua, cartório e o laudo da perícia, que foi determinante. Em um caso complexo, o laudo demorou, mas foi bem objetivo e detalhado”, explicou.

O laudo de 50 páginas da perícia relata todos os vestígios encontrados no local do incêndio. “Foi encontrado um palito de fósforo no corpo de uma das crianças, caixa de fósforo vazia na cama do quarto das crianças, um cinzeiro no chão do quarto e
pontas de cigarro sobre a cama”, disse.

Na véspera do incêndio, foi registrado que uma brincadeira das crianças causou estrago na casa. “Testemunhas relataram que, na véspera do incêndio, uma das crianças encontrou um palito de fósforo e, ao brincar, colocou fogo em um arranjo de flores artificiais que ficava na sala. No entanto, o fogo foi visto e apagado a tempo”, afirmou o delegado.

O inquérito confirmou que o foco do incêndio foi na sala, quando as crianças brincavam sem a supervisão de alguém mais velho. “Na véspera, as crianças dormiram cedo, mas os adolescentes e a jovem dormiram por volta de 4h da madrugada, segundo os depoimentos.  Um dos adolescentes contou, em depoimento, que viu uma caixa de fósforo sobre o rack da sala. Os indícios apontam que as crianças acordaram e estavam brincando com fogo na sala, onde havia retalhos de tecidos que eram enrolados para fazer novelos. Quando o material foi atingido, o fogo começou”, contou o delegado.

Quando os mais velhos perceberam, buscaram ajuda. “Quando os adolescentes e a jovem acordaram, entre 9h30 e 10h, já havia muita fumaça e o fogo já estava bem alto na sala. Eles saíram pela janela e foram para a rua pedir socorro. Formou-se uma rede de solidariedade entre os vizinhos. No entanto, não houve tempo de salvar as crianças”, explicou Alexsander Soares Diniz.

De acordo com o delegado, o laudo aponta que as quatro crianças morreram no local do incêndio por asfixia pela inalação da fumaça e queimaduras. Já no caso da menina que foi levada para Belo Horizonte a morte foi causada pelas queimaduras.

http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2014/10/inquerito-em-mg-aponta-negligencia-em-morte-de-criancas-em-incendio.html

 

Relembre o caso

Comments are closed, but trackbacks and pingbacks are open.