A família de Gabriel Pereira, de 21 anos, denuncia que o jovem foi vítima de um esquema de recrutamento internacional para lutar na guerra da Ucrânia. Morador do Bairro Santa Mônica, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, Gabriel havia servido ao Exército Brasileiro durante o alistamento obrigatório e sonhava com uma carreira militar. Trabalhando como cobrador de ônibus antes de embarcar para a Europa, ele usou recursos próprios para custear a viagem de cerca de R$ 3 mil, pagos no cartão de crédito.
Segundo o irmão, João Victor Pereira, Gabriel embarcou no dia 6 de março de 2025 com destino a Varsóvia, na Polônia, e de lá foi levado até Kiev, capital da Ucrânia. A promessa, diz a família, era de um salário mensal de até US$ 6 mil, incluindo bônus por atuação em linha de frente, seguro de vida e repatriação do corpo em caso de morte. Nada disso se concretizou.
A família só soube da real missão de Gabriel duas semanas após sua chegada à Europa. “Ele disse que iria para a Legião Estrangeira Francesa. Mas, depois de 15 dias, começou a dar informações desconexas e descobrimos que estava na Ucrânia”, conta João Victor.
De acordo com o irmão, perfis no Instagram são usados para aliciar jovens latino-americanos com promessas de contratos com o governo ucraniano. A família conseguiu uma cópia do contrato assinado por Gabriel e afirma que não se trata de mercenário, mas de engajamento formal nas tropas do país. “O contrato é direto com o governo da Ucrânia. Nada de empresa privada. Eles trabalham para o Estado ucraniano”, afirma João.
A última vez em que Gabriel falou com a família foi no dia 3 de julho. Na mensagem, disse que ficaria incomunicável por cerca de três semanas, por falta de sinal e restrição de uso de celular nas missões. Ele estava em Izium, cidade próxima à fronteira com a Rússia, a cerca de 620km de Kiev.
João relata que o irmão estava com o braço quebrado e, mesmo assim, foi enviado para o front. “Eles não recuaram com ele, nem o levaram para uma área segura. Mandaram ele e mais três soldados para uma posição ainda mais perigosa.”
Segundo relatos de colegas de brigada, Gabriel morreu dentro de uma trincheira junto com outro brasileiro. Um colombiano foi morto e um ucraniano, segundo os relatos, foi capturado e queimado vivo pelos russos.
Informações Estado de Minas