Sempre que a gente fala de Santos x Flamengo, a gente lembra “daquele” Santos x Flamengo. E eu já escrevi sobre isso em uma revista da época, aliás, eu quis deixar registrado, selado, carimbado, avaliado, rotulado e publicado que aquela, apensar de ser apenas mais uma partida de futebol, foi uma noite inesquecível. E foi em julho também, um julho qualquer de 2011, há 14 anos, mais precisamente no dia 27, uma quarta-feira à noite na Vila Belmiro. E eu escrevei algo mais ou menos assim:
Naquele dia os deuses do futebol assistiram de camarote o duelo entre Neymar e Ronaldinho Gaúcho. O confronto entre Ganso e Thiago Neves ou as jogadas do tabuleiro de xadrez de Muricy Ramalho e Wanderley Luxemburgo. Com tantas estrelas no céu da Vila, onde reinou um ser chamado Pelé, não poderia ser diferente, e não foi. Naquele dia, o futebol fez sentido. Ser um torcedor passou a ser um privilégio. Torcer, seja para qual dos dois times, ou nenhum deles, foi prazeroso.
Naquele dia Neymar fez gol de Rei ( ganhou o Puskas depois), Ronaldinho fez jogada de gênio, Ganso lembrou Pepe e Thiago, Zico. Ibson tocou como Adílio e Felipe defendeu como Gilmar. Flamenguistas desligaram a tv, santistas aumentaram o rádio, não havia ainda tanta internet. Rubro-negros acordaram com o telefonema do amigo e voltaram a ligar a televisão. Santistas não acreditavam no que estavam vendo e quebravam o rádio.
Foi um dia para contar para os filhos e netos, foi uma noite em que as maracutaias e trambiques da sigla FIFA não tiveram espaço nos comentários. O pontapé não entrou em campo, as cotoveladas e botinadas não foram convocadas e o que adentrou ao gramado daquela Vila foi o talento de um pais que, não é à toa, é conhecido como o pais do futebol.
As mensagens de telefone (SMS) e as provocações sadias adentraram a madrugada. Foi o dia que o Neymar driblou o time e a torcida do Flamengo inteira. Foi o dia que o Ronaldinho, em uma cobrança de falta, enganou a torcida do Flamengo, do Santos e do resto do mundo inteira. Não foi mais um jogo de futebol, não foram apenas 90 e poucos minutos de mais uma partida, foi o jogo que virou a página da história da bola.
Naquela noite, os gênios, deuses, maestros, malabaristas e mais o que você quiser, aplaudiram os mortais rubro e alvinegros. Eu vi, e vou me recordar de cada segundo. Não era Copa, nem Taça, era o Brasileiro, era uma noite especial, era dia de futebol, era para ser o melhor jogo dos últimos tempos e foi.
O resultado? Quem ganhou? Naquela noite, o placar era apenas um detalhe. Viva o futebol!
por Bruno Ferreira