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A boneca mais conhecida da cidade faz 40 anos neste carnaval.  Geralda, que ficou conhecida como Geraldona, nasceu na Rua São Geraldo, o Beco do Quinzola no carnaval de 1985. Apesar da coincidência dos nomes, as informações mostram que o nome se refere a um bloco da década de 40, que saia do Bairro da Praia e que também tinha uma boneca intitulada Geralda. Estavam presentes no parto na década de 80, entre muitos foliões, Antônio Lamounier, o Tó, que acabou sendo o responsável direto pela boneca que conquistou Barroso. “No início, pelo tamanho e por causa do cabelo grande, muita gente tinha medo, mas com o tempo acostumaram com a ideia”, diz Tó, que ao lado dos amigos “Betinho”, “Tito da Zoé”, “Estourão”, “Ti Pola”, Geraldo e companhia, conduziram a boneca pelas ruas da cidade.

Outros grandes nomes como Luiz Maia, Paulo Melo, “Joaquim do Tuita”, os irmãos Ronaldo e Luiz Ferreira, também contribuíram para o sucesso do bloco que teve ajuda da Lôlô, que forneceu o pano para a criação da boneca. “Tivemos grandes parceiros ao longo dos anos que ajudaram de alguma forma”, declara Tó que viu a boneca crescer e constituir família: “Geraldão” e “Geraldinho”.

Quarenta anos depois daquele carnaval de 85, a Boneca continua fazendo sucesso e resistindo ao tempo. Ao lado do seu criador, Geralda chega aos 40 com corpinho de 18. “Apesar das dificuldades, a gente continua ai, na luta, não é fácil, mas é momento de relembrar e comemorar”, diz Tó, que este ano está programando um aniversário digno dos 40 anos. “Vamos fazer uma festa na sexta-feira de carnaval que vai começar em frente ao Gambá Lanches às 18h, passar pela Rua São Geraldo, onde ela nasceu, e seguir para a Avenida”, conta Tó.

PASSADO

Lá atrás, na década de 40, sob o comando do Senhor Jair Fraga Basílio e Geraldo Magalhães Pinto, o Sinhá, o bloco desfilava nas ruas do distrito de Barroso nos dias de carnaval e tinha componentes fantasiados de animais. Eram cavalos, girafas, elefantes, leões e em especial, o boi que despertava temor nas crianças que corriam do animal, que puxavam o rabo do bicho, uma tradição da época.

Reza a lenda, fato que está no livro Contando Histórias – Barroso, seu povo, sua glória, de Brasilino de Melo, Padre Luiz Giarola Carlos, não satisfeito com os rumos que o carnaval de Barroso estava tomando, contrariando uma tradição de 40 anos, decide não celebrar a Semana Santa, alegando que havia mais gente no carnaval do que na adoração das 40 horas. O pároco, então, não promoveu as comemorações externas da Semana Santa. Isso levou o carnaval a ser suspenso na cidade.

Já no carnaval do ano de 1960, o Sr. Jair Fraga Basílio, e o Sr. Geraldo Magalhães Bartolini – Sinhá – com o apoio do Sr. “Zinho Balaieiro”, resolveram, mesmo a contragosto de grande parte da comunidade que não ousava contrariar o padre, tentar desfilar novamente com seu Bloco – Bloco da Geralda – no centro da cidade. Depois de intensas negociações com o Pe. Luiz, apoio dos vereadores de Barroso, foi autorizado o desfile do Bloco da Geralda, que voltou com toda sua fauna para as ruas do centro da cidade. Nesse ano, o samba enredo do bloco foi uma marchinha carnavalesca que estava fazendo grande sucesso no carnaval carioca e que era intitulada Cacacacareco.

De acordo com depoimentos, o Pe. Luiz estava na Casa Paroquial – onde hoje é a loja Casa São Paulo – ouviu o canto, e saiu até a “soleira” da porta para ver o desfile do bloco que passava pela rua. Os carnavalescos em respeito ao Pe. Luiz, quando passaram em frente à casa paroquial, fizeram completo silêncio, parando os cantos e até a bateria. O padre gostou muito da atitude e liberou o movimento carnavalesco na cidade que a partir dali foi de muita festa por vários anos.

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