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Até o final da década dos conhecidos anos cinquenta a região do vale do Rio das Mortes, entre Barbacena e São João del Rei, tinha apenas duas opções de transporte para passageiros e mercadorias: ou a ferrovia ou a estrada de terra, num percurso de cerca de 80 km. Em qualquer das alternativas o tempo gasto no percurso nunca era inferior a 4 horas. Em ambos os casos Barroso ficava praticamente no meio do caminho. Em meados de 1960, quando Bias Fortes era governador de Minas Gerais, foi inaugurada a estrada asfaltada de Barbacena a São João, a então MG60, prolongada nos anos seguintes até Lavras (hoje a BR265). Com a estrada asfaltada o tempo de viagem entre Barbacena e São João se reduziu para menos de duas horas, e a ida de São João a Lavras, que era de cerca de 5 horas na estrada de terra, caiu para pouco mais de duas horas. Vale mencionar que o transporte ferroviário continuou até 1983, quando o ramal foi desativado.

Com a desativação da ferrovia, através da qual boa parte do cimento Barroso era levada para o depósito junto à estação da RFF em Barbacena, além dos tijolos e telhas das cerâmicas, a então CCPB passou a utilizar apenas o transporte rodoviário pela BR265 (o mesmo acontecendo com outras empresas de Barroso), tanto para receber insumos como para exportar seus produtos. Hoje essa é uma rodovia sobrecarregada. E, de 1960 para cá, seu traçado continua o mesmo original, com apenas alguma esporádica eliminação de curvas perigosas, eventuais recapeamentos do asfalto e abertura de umas poucas terceiras mãos em subidas mais longas. O panorama à nossa frente, a partir da 2015 após conclusão da expansão da fábrica da Holcim, é que, sua produção será escoada não apenas pelos atuais 300 caminhões e carretas, mas por 800, sem contar os que transportarem insumos, nem o aumento já exagerado da circulação de outros veículos de carga e de pessoas. Fica claro o risco que vamos correr de trafegar numa fila quase contínua de veículos seja para qualquer das vizinhas cidades polos, na rodovia que é a principal interligação da região com a BR040 e a BR381.

O palpite oficial, que é duro de engolir, é ouvir do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes Terrestres o que ouviram alguns vereadores de Barroso que foram pleitear a duplicação da BR265, ou seja, que esta rodovia não tem volume de tráfego que justifique sua duplicação. ISTO É BRASIL!

por Paulo Terra

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