O inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais que apurou as circunstâncias da morte da escrivã Rafaela Drumond indiciou o delegado suspeito de assediá-la por condescendência criminosa e reconheceu o crime de injúria pelo investigador. O caso agora será analisado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
O inquérito apontou que Celso Trindade de Andrade cometeu o crime de injúria, quando se ofende a dignidade e o decoro de alguém.
Apesar disso, o processo penal contra Celso não terá continuidade. Isso porque o prazo previsto para que se dê entrada no processo de crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria) é de seis meses da data do fato. Passado esse tempo, não há previsão legal para condenar alguém por esses delitos. Os episódios envolvendo Celso e Rafaela aconteceram entre o final de 2022 e o início de 2023.
Celso Trindade de Andrade era colega de Rafaela Drumond na Delegacia de Carandaí e aparece em um vídeo gravado pela própria Rafaela a ofendendo. Em áudios enviados a uma amiga, ela relata episódios de assédio sexual e moral que a família atribui a ele.
Em um dos áudios enviados por Rafaela a uma amiga, ela relata que chegou a denunciar os episódios de assédio ao delegado, mas que ele a desencorajou de levar a denúncia à frente. Itamar era o único delegado de Carandaí.
O caso agora será analisado pela Promotoria do MPMG de Carandaí, em um prazo de 15 dias. Cabe ao órgão decidir se denunciará ou não os dois a Justiça.
Caso eles sejam denunciados, a Justiça analisará a denúncia e decidirá se os tornará ou não réus pelos crimes, para que, assim, haja um julgamento.
‘Situação vexatória’
Ao g1, o advogado que representa a família de Rafaela Drumond, Hugo Viol Faria, diz que o indiciamento corrobora a versão de que uma das causas que levou Rafaela ao suicídio foi o “tratamento vexatório” contra ela na Polícia Civil.