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Noite de domingo, 25 de setembro de 2022, festa no Parque de Exposição Júlio Oscar Pinto, no Bairro Santa Maria, em Barroso. Do lado de fora, próximo a entrada do evento, disparos de arma de fogo são ouvidos. De acordo com informações da Polícia Militar, um homem disparou de dentro de um carro preto que passava em frente a Exposição. Ele atirou contra pessoas que estavam próximas à entrada do Parque. Muito gritaria, pânico, famílias correndo e uma cidade em alerta. Três revólveres, dois calibre 32, uma Taurus e munições foram apreendidas pela Polícia Militar naquele dia.

Noite de quarta-feira, 11 de janeiro de 2023, no ginásio do Ceclans, no Bairro Santa Maria, era dado o pontapé inicial em mais uma edição do Futsal de Verão, evento tradicional da cidade. Horas depois da bola rolar, tiros são disparados nas ruas próximas ao Ceclans. Um adolescente, junto com um outro indivíduo, dispara três vezes contra outras pessoas. Mais armas de fogo foram apreendidas naquela noite. Mais pânico, medo e correria na cidade, de novo.

Tarde de domingo, 19 de fevereiro de 2023, sob um sol escaldante e diante de milhares de pessoas, em plena saída do Bloco Caminhada Alcoologica, no Carnaval, um homem atira com um revólver, à queima roupa, três vezes, e mata outro em frente a rodoviária de Barroso. Pronto, as tentativas de homicídios acabam em crime consumado e a cidade vira manchete negativa nos principais jornais do estado. E mais, Barroso foi a única com registro de homicídio consumado durante as festividades do Carnaval 2023. A informação é da Assessoria de Imprensa da 13ª Região de Polícia Militar, que abrange ao todo 61 municípios. Senão obstante, a poucos metros e segundos depois dos primeiros disparos de arma de fogo, mais tiros no Carnaval, não é possível precisar quantos disparos são ouvidos no terminal rodoviário. Famílias correndo, choro, desespero, o caos está implantado na cidade. De novo, novos revólveres são apreendidos pelas polícias. Diante do ocorrido e do homicídio, o Carnaval é cancelado pela Prefeitura.

Menos de um mês depois, dentro do espaço de diversão e lazer, nas piscinas do Ceclans, em um domingo a tarde, ao lado de centenas de pessoas, na sua maioria famílias, mais uma arma de fogo é apreendida na cidade de Barroso. “Muito triste o que se viu lá, crianças chorando e pedindo os pais para irem embora. Não sei o que está acontecendo com Barroso”, diz um funcionário que ficou estarrecido com as imagens que viu. E poderia ser pior, o adolescente apreendido foi denunciado por um cidadão barrosense que evitou o pior e acionou o 181 da Polícia Militar. De forma anônima ele contribui para que menos um crime fosse registrado na nossa cidade. Fim de festa, de visersão e início de um questionamento: existem muitas armas de fogo circulando em Barroso?

SIM, MUITAS ARMAS

Sim, a resposta é sim, existe. Dados da Polícia Militar, levantados com exclusividade pela reportagem do barrosoemdia mostram que somente nos últimos 12 meses, ou seja, de fevereiro de 2022 a fevereiro de 2023, 17 armas de fogo foram apreendidas na cidade.

Ou seja, a cada 20 dias, uma arma de fogo é apreendida no município de Barroso, com cerca de 20 mil habitantes. Nunca antes na história se viu tanto revólver circulando no município que até pouco tempo era considerado uma pequena pacata cidade do interior de Minas.

E de onde saem essas armas, como estes criminosos conseguem ter acesso aos revólveres, como elas chegam em Barroso? Essas são perguntas que as autoridades estão fazendo neste momento. Independente da resposta, fato é que o aumento da circulação de armas de fogo, coincidentemente, vai de encontro com a liberação de armas legais no estado.

Os registros de armas de fogo, em Minas Gerais, tiveram aumento de 127% em 2021. É o que apresenta o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado mês passado. No comparativo com todo o Brasil, Minas é o quarto Estado da federação com mais registros. Segundo a publicação, Minas Gerais teve 25.679 registros em 2021. O dado é 127% maior do que o de 2020, quando foram 11.312.

“Há um discurso, que não tem nenhuma base de pesquisas, de que pessoas armadas são mais seguras. Os dados mostram que arma não é garantia de segurança, pelo contrário, é fator de vitimização”, diz o especialista em segurança pública Robson Sávio Reis que afirma à reportagem do jornal O Tempo que este aumento de armas está embasado na busca individual por mais segurança, além do discurso político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

E mais uma coincidência, se é que pode ser considerado coincidência, Minas Gerais registrou aumento do número de crimes violentos no ano passado em comparação com 2021, segundo o índice nacional de homicídios criado pelo g1, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.

No país, ao contrário do estado, houve redução, de acordo com a média nacional. No estado mineiro foram registrados 2.413 crimes violentos em 2021. No ano passado, 2.564, uma variação de 6,3%. No país, considerando os mesmos períodos, foram contabilizados 41.157 (2021) e 40.804 (2022), variação negativa de – 0,9%.

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