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Não há cor, somente uma sequência de pretos, brancos e cinzas. “Desde o primeiro momento não consegui enxergar esta história colorida, e hoje vejo que ela não teria a mesma potência se tivesse cor”, afirma o diretor e roteirista André Ristum. Mas não há como pensar em rosas, amarelos ou azuis ao acompanhar a jornada de Elisa, Valeska, Wanda, Raimundo e Gilberto.

Colônia”, série em 10 episódios que estreia nesta sexta (25/6), no Canal Brasil e na Globoplay, recria, por meio da ficção, aquele que é chamado de “holocausto brasileiro”, título do livro-reportagem da jornalista mineira Daniela Arbex, lançado em 2013. A produção se inspirou livremente na obra, que recupera a trajetória do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, conhecido como Colônia. Cerca de 60 mil pessoas morreram ali em decorrência de maus-tratostortura abandono.
SEM HISTÓRICO

A trajetória do Colônia, primeiro hospital psiquiátrico público de Minas Gerais, foi iniciada em 1903, com a função de dar assistência a doentes mentais. Mas ao longo de sua história o hospital passou a receber os “indesejados” – 70% internos não tinham histórico de doença mental.

O fato chamou a atenção de Ristum. “O hospital era destino de todo o tipo de pessoas, e isso não tem a ver com questões psiquiátricas. Homossexuais, negros, prostitutas, alcoólatras, jovens grávidas, todos párias de uma sociedade racista, patriarcal e desigual”, afirma.

Ainda que o cenário seja mineiro, “Colônia” foi rodada em um antigo convento, mais tarde tornado faculdade e atualmente fechado, em São Paulo. “Antes de começar a pré-produção, fui conhecer o hospital e o Museu da Loucura (inaugurado em 1996, no próprio Colônia). Conhecemos internos da época que retrataríamos na série e ainda moram lá. Como muita gente era vítima de violência cedo, tinha pessoas que chegavam com 12 anos e, depois de 30, 40 anos, não sabiam mais quem eram, sem contato com a família. Então, o Estado se fez responsável por cuidar dessas pessoas, que hoje, obviamente, vivem sob condições humanas, entram e saem”, conta Ristum.

Nas conversas com internos e a direção da instituição, ficou definido que as filmagens não ocorreriam naquele cenário. “Não seria bom para os internos verem algum tipo de recriação”, explica o diretor. A opção por ambientar a narrativa no ano de 1971 se deve a algumas questões.

Com informações Estado de Minas

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