Não há cor, somente uma sequência de pretos, brancos e cinzas. “Desde o primeiro momento não consegui enxergar esta história colorida, e hoje vejo que ela não teria a mesma potência se tivesse cor”, afirma o diretor e roteirista André Ristum. Mas não há como pensar em rosas, amarelos ou azuis ao acompanhar a jornada de Elisa, Valeska, Wanda, Raimundo e Gilberto.
A trajetória do Colônia, primeiro hospital psiquiátrico público de Minas Gerais, foi iniciada em 1903, com a função de dar assistência a doentes mentais. Mas ao longo de sua história o hospital passou a receber os “indesejados” – 70% internos não tinham histórico de doença mental.
O fato chamou a atenção de Ristum. “O hospital era destino de todo o tipo de pessoas, e isso não tem a ver com questões psiquiátricas. Homossexuais, negros, prostitutas, alcoólatras, jovens grávidas, todos párias de uma sociedade racista, patriarcal e desigual”, afirma.
Nas conversas com internos e a direção da instituição, ficou definido que as filmagens não ocorreriam naquele cenário. “Não seria bom para os internos verem algum tipo de recriação”, explica o diretor. A opção por ambientar a narrativa no ano de 1971 se deve a algumas questões.