30 de janeiro de 2021, faltando um dia para o fim do mês mais trágico na região, o Governo de Minas, através do Programa Minas Consciente, flexibiliza a abertura dos comércios não essenciais, inclusive na chamada Onda Vermelha, a mais restrita do programa que é no mínimo, segundo especialistas, incoerente e inconsequente.
As mortes que viraram apenas números não assustam mais e em meio a descrença dos cidadãos, parentes e amigos se despedem silenciosamente das vítimas, que na sua maioria são idosos que não resistiram ao vírus. Assim, janeiro de 2021 ficará, até agora, para a história com o mês que mais vidas foram perdidas na pandemia de coronavírius em Barroso e região do Campo das Vertentes.
Em Barroso, por exemplo, cidade de cerca de 20 mil habitantes, seis pessoas perderam a vida no mês trágico. Veja os casos:
- 6 de janeiro – a terceira vítima da doença é uma mulher de 50 anos de idade.
- 7 de janeiro – no dia seguinte, uma outra mulher, de 69 anos, morre vítima da covid.
- 8 de janeiro – pelo terceiro dia consecutivo, mais uma morte em Barroso, desta vez um homem de 58 anos.
- 19 de janeiro – uma nova morte é registrada, trata-se de um mulher de 47 anos.
- 24 de janeiro – o sexto óbito no mês de janeiro, a vítima fatal é um homem de 76 anos.
Outras duas pessoas já tinham perdido a vida em setembro de 2020; um homem de 64 anos de idade no dia 7 de setembro, a primeira morte registrada na cidade, e oito dias depois, em 15 de setembro, uma mulher de 84 anos. Total de óbitos no município de oito pessoas, que tem familiares que sequer puderam fazer um enterro digno.
“Me disseram assim: olhe e se despeça da sua irmã, pois não podemos abrir. Isso dói e sangra todos os dias, não desejo para ninguém. É como se você estivesse em um enterro de alguém que você nunca viu”, diz o trecho de um e-mail que foi enviado para o Barroso EM DIA. Já uma outra mensagem via WhatsApp fala da indignação da família de um óbito suspeito. “Não podemos nem despedir direito porque ela era suspeita de Covid”, diz.
REGIÃO
Na região, os números são ainda mais trágicos, no vídeo ilustrativo é possível ver a elevação dos casos em Barbacena, que ultrapassa São João del Rei em número de óbitos por covid. A cidade começou o mês com 32 mortes e chegou a 64, ou seja, dobrou o número de óbitos em apenas um mês. Uma média de mais de um óbito por dia.
Outro dado que chama atenção, desde o início da pandemia, é a pequena cidade de Dores de Campos, com cerca de 9 mil habitantes. No início de janeiro, assim como Barbacena, a cidade tinha sete óbitos e fechando o mês dobrou o número de mortes, são 14 no total.
MINAS
Em janeiro deste ano, 2.642 pessoas morreram de Covid-19 em Minas Gerais. Já é o pior mês da pandemia, de acordo com dados do governo do estado tabulados. O número de casos também assusta. Até esta quarta-feira (27), foram 164.740 pessoas infectadas. Para se ter uma ideia, em julho do ano passado foram 82.105 casos. Em agosto, 89.451. Em dezembro o número disparou e atingiu 126.574.