Desde que a vacinação contra a Covid-19 começou no Brasil, a esperança de muitos ressurgiu. Porém, junto a esse sentimento positivo, também apareceu a indignação em relação ao desrespeito no que se refere à fila da prioridade. De prefeitos se vacinando sem direito a doses que somem dentro de hospitais, os casos de irregularidades se proliferaram no noticiário. Em uma semana, Minas Gerais registrou, por meio da Ouvidoria-Geral do Estado, 47 denúncias relacionadas à vacinação. Segundo o órgão, elas vão desde os fura-filas até as doses roubadas e desviadas.
De acordo com a Ouvidoria, as reclamações envolvem instituições da rede particular e filantrópicas, além das secretarias municipais de Saúde de BH e do interior. O órgão informou que apura as denúncias e que, depois, os casos poderão ser encaminhados para o Ministério Público Estadual para serem investigados, inclusive na esfera criminal, como infração de medida sanitária, peculato, apropriação, entre outros crimes.
Segundo o Ministério da Saúde, o público-alvo da primeira fase da imunização é formado por pessoas com 60 anos ou mais que estejam em instituições de longa permanência, pessoas com deficiência em instituições de longa permanência, população indígena e trabalhadores de saúde na linha de frente contra a Covid.
Na última semana, funcionários do Hospital da Mulher e Maternidade Santa Fé, no bairro Santa Tereza, na região Leste de BH, denunciaram que um médico afastado por suspeita de importunação sexual foi vacinado contra a Covid-19. O ginecologista, que chegou a ser preso em 2019 após ser alvo de 20 denúncias de pacientes e funcionários, teria sido imunizado antes mesmo de plantonistas e parte da equipe de enfermagem do hospital.
De acordo com a maternidade, o médico, de 75 anos, está afastado, mas, por ser acionista, manter o registro médico regular e se enquadrar na lista prioritária por idade, teve o nome incluído na lista de sócios a serem vacinados.
PBH vai auditar doses da primeira etapa
Em meio à escassez de vacina e a diversas denúncias de fraudes envolvendo o imunizante, a prefeitura de Belo Horizonte anunciou, nesta segunda-feira (25), que vai auditar as doses das vacinas contra Covid-19 aplicadas nos hospitais da capital. O objetivo é impedir a vacinação de pessoas não pertencentes ao grupo prioritário.
De acordo com o executivo, na capital devem ser imunizados os trabalhadores ativos de 49 hospitais públicos, filantrópicos e privados, além de profissionais do Samu.
Segundo a prefeitura, até o momento, já foram distribuídos 61.368 mil doses referentes à primeira etapa de vacinação. Além dessas, outras 6.882 foram entregues diretamente pela Rede de Frio da Secretaria Estadual de Saúde para os hospitais Militar, Eduardo de Menezes e Júlia Kubitschek.
Como denunciar.
Minas. As denúncias de fura-filas assim como outras reclamações do processo de vacinação podem ser registradas no Canal Coronavírus da Ouvidoria-Geral do Estado através do site ou no Disque-Saúde 136.