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golpe-militar

 

Entre os dias 31 de março e 1º de abril de 1964 o Brasil sofreu um dos mais dolorosos golpes de sua história. A moldura ideológica da guerra fria e o medo do comunismo, associados ao temperamento explosivo e extremo de gente como Brizola, fez com que setores civis e militares orquestrassem uma espécie de “golpe preventivo” para “salvar a democracia” e evitar o “golpe comunista”. Naquele mês de abril e naquele ano de 64 a intervenção militar foi amplamente apoiada e legitimada por políticos e governadores – como Magalhães Pinto de Minas Gerais e Carlos Lacerda da Guanabara – além de setores da igreja católica, empresariado e imprensa. O resultado foi uma noite tenebrosa de 20 anos de arbitrariedades e de falta de liberdade, tortura e mortes.

Hoje, 50 anos depois, vale rememorar o episódio histórico para que nunca mais a sociedade brasileira viva momentos de terror como aqueles. É fato que muitos dos que pegaram em armas contra a ditadura militar não o fizeram por apreço à democracia, mas sim para tentar implantar outra ditadura no país. Por isso, é fundamental compreender aquele período sem maniqueísmos e com um olhar multidimensional, considerando todas as suas idiossincrasias, polaridades e ideologias. Entender as condições de possibilidade que permitiram o golpe de 64 é fundamental para fortalecermos a democracia hoje. A lição da história é inequívoca: é preciso fortalecer as instituições democráticas brasileiras para que elas dêem conta de acomodar debates e consensos, liberdade e ordem, desenvolvimento econômico e justiça social.

A democracia exige muito de toda a sociedade, em especial exige paciência e perseverança. As armas utilizadas no ambiente democrático são as palavras e as batalhas são negociações. Nesse contexto, as conquistas podem ser difíceis e lentas, mas tendem a ser perenes e inequívocas. Não por acaso, os atores que sepultaram a ditadura e processaram a transição para a liberdade não foram guerrilheiros radicais, mas democratas convictos. Figuras como Ulysses e Tancredo pavimentaram os caminhos que a sociedade brasileira percorreria desde a década de 80 e até os dias de hoje. Não foi e não é um caminho fácil, é preciso ainda aprender muito e fortalecer a cultura democrática no país, mas é sem dúvida o melhor caminho entre os possíveis. Como certa vez disse Winston Churchill: “A democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras que têm sido tentadas de tempos em tempos”.

por Antônio Claret

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