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. Sabe o que vamos fazer amanhã cedo, depois deste vexame 7×1 para Alemanha em cima do Brasil? Vamos levantar e ir trabalhar. Nossas vidas seguem, nossos caminhos e sonhos pessoais prosseguem, nada muda nas nossas vidas. Ganhando ou perdendo, se trata de uma partida de futebol, se trata de um sonho estilhaçado em 90 minutos. Amanhã vamos almoçar, pagar nossas contas, lavar aquele tênis. Acreditem, nossas vidas continuam. É verdade! A vida vai continuar: você vai abrir o Barroso EM DIA, vai procurar, como procura todos os dias, notícias sobre sua cidade, enfim, tudo como era antes, ou quase tudo.

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Não podemos fechar os olhos para um 7×1 dentro da nossa casa, debaixo do nosso teto, onde gastamos o que tínhamos e até o que não tínhamos.  Não aqui no nosso país do futebol. E nossas cinco estrelas? Não há respeito? Não. Não houve piedade. Cravaram aqui, na nossa terra, a maior goleada da história da seleção brasileira. Quem? Uma seleção que está há seis anos trabalhando o bote e eles não apenas ganharam um jogo. Eles acabaram com uma Copa, com um sonho, com nossos enfeites, bandeiras, carros e buzinas. Uma coisa é perder uma partida de futebol outra é ser massacrado na sala de casa. De que iremos lembrar para o resto de nossas vidas quando o assunto for Copa do Mundo? Até as cinco estrelas ficam manchadas. Não nos é tirado o brilho de país do futebol, de pentacampeões. Não desmerecemos os títulos e seus astros, mas que nosso futebol fica manchado, ah, isso fica. Nosso futebol foi manchado nessa terça-feira negra, aliás, rubro-negra. Nem se compara essa tragédia de 2014 à de 50. Lá perderam homens, que foram tachados, diga-se de passagem, de heróis tortos injustamente. Hoje, perderam meninos desequilibrados que estavam sendo mal comandados. O Mineirazo perde de goleada, de 7×1, para o Maracanazo de outrora. Mas agora é fácil falar. Depois que aconteceu até eu. Eu não. Modéstia parte, não me sinto melhor do que ninguém, mas sempre desconfiei desse Brasil que dependia de um craque, de lançamentos, de traves, como a do Mineirão, de um goleiro, enfim, de um cântico de uma torcida que não sabia e ainda não sabe o que cantar. Não tem planejamento, não tem estudo, não tem experiência, não tem e não tinha nada a não ser uma vontade que transbordava pelos olhos dos jogadores, ou seja, uma vontade de vencer. Desde quando não temos um treinador, um time, uma tática, um esquema? Lá se vai 1982. Mas naquele ano nós não ganhamos! É verdade. Copa tem dessas coisas, futebol tem dessas coisas. Mas tínhamos um time, uma forma, uma moral, um ego. Tudo se foi, tudo ficou manchado. Não se apaga 94 e nem 2002, mas friamente, como costumo analisar e ser criticado, não tínhamos time para tal, mas Copa acontece e se ganha mesmo sem time, sem glamour, sem o que for.

Portanto, que fique claro que essa histórica e trágica derrota sirva para algo. Que pelo menos sirva para olharmos para nosso umbigo e descermos desse degrau de onde achamos que somos superiores a todos e a tudo quando o assunto é futebol. É hora de aceitarmos que estamos ultrapassados, que essa historinha de que somos os tais do futebol já passou. Há quanto tempo não temos um jogador brasileiro eleito o melhor do mundo? Aliás, quando um jogador brasileiro foi eleito melhor do mundo jogando aqui? Qual foi o nosso último time campeão mundial? Uma seleção que encantou? Qual técnico brasileiro deu certo lá? Estamos há muito tempo, há anos luz da Europa. Não há mais bobo no futebol. Daqui a pouco os Estados Unidos nos alcança e aí ganhar uma Copa, mesmo sem brilho, vai ser impossível. Isso não cola mais. Nosso campeonato é pobre, nossos técnicos não criam mais nada. Muda Brasil, muda com o mundo que o mundo muda com você. Que esse 7×1, esse vexame, sirva para algo porque se formos engolir o Felipão dizendo que isso acontece e que é normal, como disse em entrevista, estamos à beira do caos. Isso é uma vez na vida outra na morte. Não. É mentira. É para nunca ter acontecido, porque, quando isso acontece em vida, nós morremos. Toma vergonha na cara, Brasil. Desce daí. Seu povo, aquele que vai acordar amanhã cedo e tomar o rumo do trabalho, não merecia e não merece esse tratamento que vem dando ao futebol. 

Detalhe: isso não tira o brilho da Copa do Mundo no Brasil que vem sendo muito emocionante e competitiva. Que vença o melhor!

por Bruno Ferreira.

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