“Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado”. E como ela lutou. Foram dias difíceis, longe da barra da saia e das guloseimas da mãe. Foram dias difíceis, longe dos mimos de irmãos e das brincadeiras nas ruas. Foram, não são mais. Esses dias passaram, como passam todos os dias. Não sobrou nada, muito menos a “vergonha” que Rui Barbosa cita. Muito menos.
No giro, sem sair da cadeira, pelo planeta a fora, o Por Onde Anda? encontrou Valeria Nacif. Onde? No Velho Mundo, lá pelas ribas de uma tal Holanda. Um país aberto, democrático e acolhedor. Aliás, foi o que fez com nossa barrosense: abriu-lhe os olhos, os braços e acolheu como filha. Os mesmos milhares de quilômetros que separam a Rua da Lagoa da Europa, também separam Valéria do seu colo, da sua família, do seu povo. Antes, porém, uma escala na Alemanha ainda separada. “Eu tinha uma prima que morava na Alemanha e tinha me prometido, desde os meus 14 anos, me levar para lá. Só vivia sonhando em ir embora”, revela a menina nascida em Barroso em 23 de janeiro de 1963, filha de Amélia Ferreira e Antônio Nacif, que de fato, foi embora.
Na bagagem, o nosso amor brasileiro, nossa fé e carisma barrosense e o aprendizado da Escola Estadual Francisco Antonio Pires, onde aprendeu com mestres como Dona Neli, Leila Souza e o Professor Paulinho Possa. Dois de maio de 1981, uma menina de 18 anos embarca em busca de sonhos. Entre os afazeres domésticos e os estudos, Valéria ultrapassa o portal de Brandemburgo e aprofunda na Antropologia Cultural em Frankfurt. Quando tirou da bagagem o carisma barrosense, raro no mundo, conquistou o holandês Cas Van Bijnen, seu primeiro namorado, ainda em terras alemãs. Resultado? Mestrado e vida na Holanda. A menina que foi embora e se “perdeu” pelo mundo, encontrou a razão de vida em Txai Van Bijnen e Tim Van Bijnen, filhos que lhe deram apoio irrestrito. Destino? Universidade de Utrecht. “Padrões de Discriminação Racial em Barroso”, uma tese que lhe rendeu oportunidades de retornar a sua terra. Mas não parou, ainda pelo mundo, o seu mundo, a seu jeito, lecionou aulas de integração social e adquiriu experiências como coordenadora de campanha da Cruz Vermelha, tudo pela sobrevivência e sustento de sua família. Depois de um período de dificuldades Valéria ainda conseguiu realizar diversas viagens em Jerusalém, Itália e Portugal, e durante sete anos, trabalhou no Ministério de Justiça como intérprete e mediadora cultural para refugiados angolanos.
Os anos 80 na Europa, quilômetros de distância e as raízes barrosenses. “Aprendi a viver com o meu espírito em dois lugares: Europa e Brasil. Não passa um dia, uma hora, em que os meus pensamentos não estão com o meu povo, sempre pensando numa solução para os problemas que afligem minha terra natal”, diz a mulher de fibra e coragem que ajudou a fundar a ONG ODESC na cidade e luta exaustivamente pela conquista de melhor qualidade de vida de seus conterrâneos.
por Wellington Tibério e Bruno Ferreira
Wallace, que é administrador de empresas na terra de Frank Sinatra, é da tradicional família barrosense Graçano. Filho do casal João Domingos Marttelletto e Geisa Graçano, ele tem a saudade apaziguada quando os barrosenses encontram pelas ruas o seu irmão gêmeo: Wesiley Graçano, que veio ao mundo dez minutos depois, no dia 11 de março de 1973. Semelhanças à parte, Wallace vive nos Estados Unidos desde 09 de maio de 2005. Lá se vão nove anos do chamado sonho americano.Depois de “achar” Max Miller Ladeira, em Belo Horizonte, Lucília Napoleão Barros, em Portugal e Marques Eustáquio Neves, no Paraná, o “Por Onde Anda?” atravessou o mundo e encontrou Walace Graçano Marteleto, na cidade que nunca dorme: Nova York, nos Estados Unidos.
Mas não foi fácil. O fatídico 11 de setembro de 2001, quando as torres gêmeas foram ao chão, tornou os trâmites ainda mais burocráticos e vencer as exigentes normas, regras e leis americanas ficou mais difícil, mas não impossível. Visando melhores condições e oportunidades, Wallace conquistou a cidadania italiana, de origem familiar, e embarcou em busca de realizações.
Mesmo com dificuldades, a trajetória de Wallace foi construída com sucesso e trabalho. A disciplina e o comprometimento foram importantes para ingressar no mercado de trabalho e sobretudo no aprendizado do inglês. Aos poucos, Wallace se adaptava ao “estilo americano de viver”. Na terra da “Liberdade” viu e se inspirou no slogan do primeiro presidente negro da história americana, ou seja, “Nós Podemos”.
Ao contrário dos avôs antepassados, que na condição de imigrantes italianos dedicaram-se à agricultura, Wallace começou sua vida profissional no ramo de eventos, com a empresa Preston Bailer, que tem grande destaque na produção de festas em Nova York. A rotina de trabalho tinha endereço fixo na Quinta Avenida, um dos mais importantes centros comerciais de Nova York, mais precisamente na loja da Tifanny, onde se preparam flores decorativas e no Regis Hotel.
O que mais chama a atenção na trajetória do barrosense são as participações nas famosas festas, entre elas, a do Oscar, que ocorre na cidade de Hollywood. Wallace vem trabalhando há oito anos na maior festa do cinema mundial. É luxuoso e real, acreditem, os bastidores do Oscar, contam com uma pitada barrosense. Tá bom ou quer mais? Dentro de uma série de serviços que presta, através de empresas de renome, está o maior evento esportivo dos Estados Unidos, o Super Bowl, a maior audiência televisiva dos Estados Unidos e do mundo, depois da Copa.
E entre uma festa e outra, teve oportunidade de se integrar à equipe da empresária executiva Indra Nooyi em eventos ligados à Pepsi. Com isso, deslocou-se por várias partes do território americano e já “explora” a América como um americano nato. Além de conhecer localidades e pessoas e de aprimorar o aprendizado do idioma, também adquiriu crescimento cultural e hoje participa também de uma das maiores festas judaicas, o bar-mitzvá, onde, aos 13 anos, o adolescente é festejado em rica cerimônia.
Dentre as festas de casamentos já realizadas, a que mais lhe marcou foi a festa de uma neta do empresário Antônio Ermírio de Moraes. “Ocasião em que tive a oportunidade de conhecer a proprietária da empresa ‘Verde que te quero verde,’ de Belo Horizonte. Uma pessoa simples, amiga, fantástica e de muito bom gosto também”, revela Wallace ao contar suas experiências para a reportagem do Por Onde Anda?
Portanto, é assim na cidade que nunca dorme: Wallace sonha diariamente com os olhos abertos, amplia conhecimentos e constrói amizades que ultrapassam as barreiras geográficas. Nos momentos de lazer? Além de desfrutar das belas
paisagens, como a Estátua da Liberdade, ainda sobra um tempinho para um “rolezinho” pela Times Square como e onde deve se lembrar da nossa inesquecível Rua do Quinzola, do Pátio da Padaria e da Praça Sant´Ana.
A partir de agora é assim. Delicie-se com Por Onde Anda? E aproveite para saber onde está, por exemplo, aquele velho amigo, que você já não vê há anos, ou aquela tia que só aparece para dizer: Como você cresceu! Enfim, você leitor pode e deve participar. Envie um e-mail para o jornal (barrosoemdia@yahoo.com.br) com o título: Por Onde Anda? informando o possível paradeiro do seu conhecido com dados pessoais. Nossa missão é ir atrás e descobrir Por Onde Anda?
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