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Anualmente a Conferência dos Bispos do Brasil promove a Campanha da Fraternidade que se inicia na quarta feira logo após o Carnaval e deveria se prolongar até a Sexta Feira de Cinzas do ano seguinte (muito embora pouca referência se faça a ela após o fim do tempo pascal). Para cada campanha é proposto um tema  a ser estudado e debatido, e um lema que serve de linha mestra dos estudos e discussões. Para a Campanha da Fraternidade deste ano foi proposto o Tema “É PARA A LIBERDADE QUE CRISTO NOS LIBERTOU”, e o Lema “TRÁFICO HUMANO.”
Intrinsecamente a palavra “tráfico” significa comércio, negociação ou negócio indecoroso, ilegal e imoral. Daí termos a venda e compra, às ocultas ou abertamente, de drogas como cocaína, heroína, haxixe, papoula, maconha, remédios de tarja preta, crack, anabolizantes, etc.. Todavia, o tráfico mais iníquo, perverso e covarde é a venda de seres humanos ou de partes do seu corpo. Na Bíblia são relatados pelo menos dois casos tristes e famosos de tráfico humano. Um, no Antigo e outro no Novo Testamento. O do Antigo Testamento se encontra no capítulo 37 do livro do Gênesis, que relata  como dez dos doze filhos de Jacó venderam o meio-irmão deles, de nome José, por 20 moedas de prata, a mercadores islamitas. Esses, por sua vez, revenderam José a Putifar, alto funcionário do faraó egípcio. O tráfico humano do Novo Testamento teve por mercadoria o próprio Jesus Cristo, que Judas Iscariotes  vendeu, por 30 moedas de prata, aos Sumos Sacerdotes do Sinédrio, que o entregaram a Pilatos. Judas até foi mais ambicioso do que os irmãos de José, pois cada um dos dez deve ter recebido 2 moedas de prata, enquanto Judas embolsou as 30 que recebeu por sua traição, conforme consta no versículo 15 do capítulo 26 do evangelho de São Mateus.
 
Sabemos que o tráfico humano acontece no mundo inteiro. Por ser um negócio indecoroso, imoral, ilegal e covarde, se processa por vias transversas e às ocultas, tornando-se difícil, talvez impossível, a identificação do traficante e do traficado. Quem pode garantir que boa parte dos seres humanos dados como desaparecidos no Brasil anualmente – crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos de ambos os sexos – não foi vítima de tráfico para adoção, para prostituição, para abuso sexual ou para a retirada de órgãos para transplante?  O tráfico humano não é problema que deve preocupar só os católicos, mas precisa merecer reflexão e atenção de todos aqueles que se dizem defensores dos Direitos Humanos.
por Paulo Terra

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